quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


Chove. A goteira da varanda começou a pingar. Rosa lavava roupa, quando o telefone tocou. Corre para atender. Era engano. O cachorro de férias começa a latir. Medo dos fogos. A campainha toca. Sua mãe quer saber se o almoço já está pronto. Nem arroz tinha feito. Largou as roupas na máquina de lavar, foi aprontar o almoço. O telefone toca novamente. Era a amiga da filha. A filha ainda dormia. Mais uma vez o telefone. Era a cunhada querendo notícias de seu cachorro. Blim-blom. Quem é? Sou eu, Rosa. Ah, entra, Márcia. Ajuda! Rosa estendeu a roupa, Márcia lavou o banheiro. Rosa varreu a casa inteira, Márcia passou o pano. Rosa limpou as janelas, Márcia colocou as cortinas. Rosa aprontou um lanche para a tarde, Márcia lavou toda a louça. Rosa limpou o refrigerante derramado pelo sobrinho, Márcia serviu suco. Rosa recebeu os convidados, Márcia passou a roupa do marido. Rosa levantou uma taça, Márcia brindou junto. Cinco, quatro, três... Fogos. Feliz Ano Novo! Rosa caiu cansada em um canto, Márcia caiu em outro.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


É tempo de renovação. Tempo de transformar tudo aquilo que já passou em doces e saudosas lembranças, mesmo que não sejam tão doces e saudosas assim. É tempo de olhar para frente, de construir novos sonhos, de acreditar que tudo tem jeito, até a humanidade. É tempo de esquecimento, de aquecimento e até de enriquecimento. Para isso, uns jogam fora as cartas antigas, outros usam o carbono de maneira indevida e há quem jogue na loteria. É tempo de começar a fazer auto-escola, de dar entrada naquele imóvel dos sonhos, de pedir sua namorada em casamento. É tempo de começar. É tempo de retomar aquele antigo projeto, de voltar a escrever, de continuar a aprender inglês. É tempo de recomeço. É tempo de perdoar mágoas antigas, de esquecer aquela briga boba, é tempo de reconciliação. De um com o outro, de outro consigo mesmo. É tempo de ligar para um amigo distante, de abraçar o irmão mais novo, de dizer à mãe o quanto a ama. É tempo de ligação, de elo, de amor. É tempo de pôr fim no preconceito, de aprender a conviver com as diferenças, de enxergar a igualdade em meio às diferenças. É tempo de paz. Um ano está de partida, outro de chegada. Dois mil e dez, sinta-se à vontade. A casa é sua.